sexta-feira, 27 de julho de 2012

Futebol arte ao contrário.

No dia 04 de julho deste ano foi divulgado o ranking mundial de seleções da FIFA. Neste, a seleção brasileira figura, atualmente, na décima primeira colocação. Já li em diversas fontes que a crise enfrentada pela seleção de nosso país deve-se à fraca safra de jogadores. Discordo. Acredito que tudo começou a agravar-se quando tentamos reinventar a cultura do futebol arte, esquecendo alguns conceitos básicos. O drible, a firula ou as pedaladas se tornaram mais importantes que os “antigos” objetivos deste jogo: abrir o placar, realizar uma boa exibição coletiva e sair com a vitória.

Antigamente os craques eram aqueles que tinham o poder de motivar um time, jogar para honrar a camisa do seu clube ou seleção, jogadores de raça, técnica e força; os craques tinham o poder de mudar os rumos de uma partida, de criar o resultado. Nesse grupo, incluem-se jogadores desde Ronaldo, Romário, Zico, Pelé, Falcão, Zagallo, Ademir Da Guia, Garrincha, Didi, até Sócrates e Nilton Santos. Por muitos anos o Brasil figurou como o país do futebol, o país dos melhores do mundo. É claro que havia talentos individuais, mas o foco era a bola no chão, o time e os títulos. Em 2002 a seleção brasileira chegou a ser chamada de FAMILIA SCOLARI, tamanha a força do grupo.

O Brasil chegou ao ápice que, no entanto, não foi o suficiente. Precisando ser ainda melhor, nosso futebol acabou ficando com a sensação de que algo se perdeu pelo caminho.

Surgiram os dribles e embaixadinhas de Ronaldinho Gaúcho, as pedaladas do Robinho e os chiliques de Neymar. De repente, criou-se entre os jogadores o conceito de que precisávamos algo mais... deixar o adversário no chão, procurando a bola... nos sobressair sobre os adversários e... até mesmo ganhar destaque dentro de nosso próprio time.

Aconteceu que essa cultura do futebol bonito chamada de futebol arte virou moda e todos acharam que era a solução. A partir deste momento, deixamos de ter um forte futebol coletivo e passamos a ser o “ EU FUTEBOL CLUBE”. Este foi o grande erro brasileiro. Exibição individual não garante resultado, drible é um auxiliar para um objetivo maior. Apenas isso.

Hoje a seleção conta com ótimos jogadores como o próprio Neymar, Ganso, Oscar, Damião, Hulk, Rafael, Lucas Leiva, Ramires, Sandro, Thiago Silva. Logo, o problema não é a safra de jogadores e sim o conceito de futebol. Na despedida do Ronaldo, criaram 128 chances de gol para que Fenômeno marcasse. Se os jogadores se empenhassem em ajudar seus companheiros de igual forma em seus clubes, estaríamos figurando ainda entre os melhores.

A receita do futebol é simples, difícil é resistir à tentação de driblar todo o time adversário, fazer o gol e sair na capa dos jornais no dia seguinte. Por isso, estamos colocados no décimo primeiro lugar do ranking.

Afinal, por que o futebol de outrora, dos tempos de Pelé, foi chamado de arte? À época, jogava-se com raça e amor. No Brasil, o futebol já foi suado, objetivo, jogado com fervor e devoção à camiseta. A arte; a arte no futebol é fazer gol, é vencer, é apresentar bom toque de bola, dribles verticais sempre aliados a uma finalização potente e inesperada.

O conceito se perdeu, só ficou o nome. Firulento, sem objetividade, sempre buscando ludibriar ao árbitro e ao adversário: de artístico, só os colossais salários. Amor, raça, vontade de vencer? Perdeu-se no tempo. Atualmente, o Brasil joga o futebol arte ao contrário, em que o indivíduo vale mais que um clube, uma torcida, uma paixão.

Para voltarmos ao topo, os conceitos utilizados precisam ser revistos.

7 comentários:

  1. Concordo com o texto e me serve demais que o Brasil siga nesse caminho, pois sempre serei torcedor da Germany.
    A copa de 2002 conseguiu fazer com que a seleção seja pra mim algo do nível que o Internacional é. Não sei se preferiria escolher uma derrota colorada ou uma canarinho em uma final de mundial. Razões:
    A Alemanha continha jogadores como: Jancker,Hamann e era treinada pelo lendário Völler e fazia mais gols de cabeça do que com os pés(Maneira mais bonita de balançar as redes na minha opinião, tanto que considero o gol do Andy Carroll contra a Suécia o mais belo dessa última EURO) . Sem contar nas narrações do Galvão Bueno, torcida coruja, eliminação inglesa, tupete do ronaldo, crime na turquia e assasinato da Belgica até o Brasil chegar a final.
    Agregando tudo isso e pegando a frase presente no blog ''Espaço destinado ao futebol copero.'' fica evidente que os próximos textos sejam destinados ao futebol europeu que tem como principais características um estilo de forte marcação, tirombaços do meio da rua e gols de cabeça.
    2Obs:
    Faltou uma homenagem ao Eduardo Bueno(Peninha)
    Bom nome deram ao blog, só seria melhor se fosse 'Toquemevoyfc'

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  2. Estou impressionado com o que acabo de ler. Fazia anos, anos mesmo, que eu não via o João ter tanta disposição pra fazer alguma coisa. Estou sentindo um mix de orgulho e surpresa.
    Sobre 2002, o Brasil ganhou a la Grêmio, na verdade. Sem ser favorito e jogando feio. Pecado aquela Alemanha não ter sido campeã, mas sou ousado o suficiente pra botar a culpa na conta do Kahn (goleiro do nível do Marcelo Lomba). Quero ainda ver o velho Klose levantando a taça do mundo.
    Sobre a Turquia, sempre torci pelos turcos. Timezinho copero, forte e enraizado. É uma pena jogadores como Özil e Khedira dizerem "não" à terra mãe. Além disso, me sinto desconfortável com essa invasão estrangeira nas seleções. A seleção alemã, por exemplo, a cada dia que passa se torna menos alemã.
    Sobre a Inglaterra, eternos cagões de calção. Identifico-me muito com Owen e sua turma, mas é complicado torcer para um time sem raça.
    Em sua homenagem, João, dedicaremos tempo ao futebol que mais admiro: o europeu. Gosto da bola aérea, do lançamento, da trombada, da marcação de verdade e dos petardos de fora da área.
    Menção Honrosa: "É a torcida coruja RBS, nosso grito de guerra é de arrasar: UHUL!!!" Vergonha.
    Sou convicto que Rivaldo, Marcos, G. Silva e Felipão mereciam levar uma Copa. Teve de ser contra a Alemanha de Ballack e Klose, infelizmente. Em 2014, torcerei pela revanche. DEUTSCH DEUTSCH DEUTSCH DEUTSCH 54, 74, 90, 2014

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  3. Não foi o João que escreveu aquilo, não pode ser.

    No mais, o cara é um idiota. Ao invés de não gostar do Brasil por ter motivos, ele cria motivos para não gostar do Brasil. É a boa e velha modinha de não torcer pro Brasil, melhor seleção da história, único penta campeão do mundo e que atualmente enfrenta uma má fase.
    Ocorre que por visões clubistas como esta, tudo isto é esquecido.
    Aliás, lamentavelmente o texto postado não comenta nada sobre a "Era Dunga", onde o futebol na seleção foi realizado nos moldes propostos e queridos pelo blogger. De fato, o capitão do tetra lutou contra tudo e contra todos, cansou de ganhar da Argentina, apresentava resultados mas não show. Foi eliminado na Copa pela seleção vice-campeã. Foi o único técnico da seleção que enfrentou a mídia - mídia esta que fez de tudo para derrubá-l0 -, quem não se lembra do "ah, pensei que tinha".
    Tal omissão deve ser por conta do clubismo que cega os adoradores do esporte e não deixa transparecer uma opinião imparcial. Torçamos para uma melhor na qualidade desta pocilga.

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  4. Dunga foi esquecido. Falha irreparável.
    Sobre o clubismo, o post foi escrito por Francielle Eifler, colorada nata e grande admiradora de Dunga.
    Além disso, sou fã do capitão. Jogador raçudo, comprometido e sério. Foi um pecado não citá-lo, mas isso não compromete a ideia central do texto. Contamos com a seriedade e decoro de juristas diplomados nos comentários.

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  5. Pensei em responder ao Cauê, mas não vale a pena o cara só escreve bobagem e se prende demais a essa questão do clubismo e não quero discutir com esse cara. Ele deve achar que porque o Dunga jogou no inter eu torci mais ainda contra o Brasil em 2010 e que Brasil x Argentina é o maior clássico do mundo, algo que é chato de pensar que as pessoas pensem.
    Sobre a invasão estrangeira é algo complicado também, pelo menos o Ozil e o Khedira nasceram na Alemanha e não são tão ruins, pior é convocar o Cacau, Azamoah, Aogo, Boateng, Podolski, jogadores que não contribuem em nada dentro de campo e só mancham a imagem Alemã. O Balotteli na Itália é algo ridículo, mas depois do que ele falou sobre o Barcelona pra mim ele é um gênio.

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  6. Eu iria responder ao comentário do indivíduo acima, mas a ignorância e a idiotice estampadas na última frase de seu post dispensa qualquer comentário.

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  7. Balotelli foi ousado ao expressar publicamente uma questão polêmica. O jogo do Barcelona é levemente entediante, alguns jogadores são realmente afeminados e a "filosofia" do clube é uma grande chatice. Não sei até que ponto a declaração dele deixa de ser verdadeira.

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