sexta-feira, 10 de agosto de 2012

O Ciclo de Mano Menezes na seleção brasileira.



Há quase dois anos atrás, mais precisamente no dia 24/07/2010, o técnico Mano Menezes anunciava, via assessoria de imprensa, que havia aceitado o convite da CBF para ser o novo técnico da seleção brasileira principal. Às vésperas da final olímpica em Londres, na qual o Brasil tem a chance de conquistar pela primeira vez a medalha de ouro e Mano Menezes a oportunidade de marcar seu nome pra sempre na história do futebol brasileiro, vejo um momento propício para fazer alguns apontamentos sobre o trabalho do treinador.

       Quando assumiu o cargo, Mano sabia que teria a missão de promover uma grande renovação na seleção. Dunga, seu antecessor, havia realizado um bom trabalho, mas não deixou uma base de jogadores capazes de protagonizar na Copa de 2014. Assim, sua trajetória foi marcada pelo teste de muitos jogadores com a finalidade de encontrar um time que passasse confiança para a disputa de torneios importantes. 
No começo ele até que foi bem. Suas primeiras convocações contavam com uma mescla de jogadores experientes - como Lúcio, Robinho e Daniel Alves - e jovens que haviam despontado com possibilidade de estarem presentes na copa de 2010 – como Neymar e Ganso. A receita deu certo, mas ainda não era a ideal para o objetivo 2014. Com isso, muitos foram os chamados para testes. Mano apresentou “um leque” de jogadores ao Brasil: desde esquecidos no velho continente até aqueles sempre lembrados pelos clubes do Brasil, mas pouco aproveitados na seleção. Nas listas seguintes, havia nomes como Jádson, Luiz Gustavo, Renato Augusto, Hernanes, Jucilei, Elias, Douglas Costa, William, Nilmar, Jonas, Rafael, Adriano e André Santos. Sobrou espaço até para o retorno de Ronaldinho Gaúcho e para as chances de Mariano e Cortez. 
Apesar de todos reconhecerem que era necessário avaliar muitos jogadores para conseguir obter êxito na renovação, o treinador foi muito criticado pela demora em estabelecer um time base. Passava-se mais de um ano a frente da seleção e ninguém sabia ao certo sequer quem eram os 11 titulares de Mano Menezes. E mais, quando um jogador fazia uma ótima partida no primeiro tempo de jogo, Mano tirava-o no intervalo (caso de Jádson na Copa América). Muito se falou que isso só atrapalhava uma boa sequência dos jogadores e da seleção, pois era preciso que os jovens ganhassem confiança para se consolidarem. Pra piorar, o desempenho do Brasil na Copa América passou longe do esperado e acabou sendo coroado com a vergonhosa eliminação nas quartas de final para o Paraguai, em que os brasileiros erraram todas as 4 cobranças de pênaltis.
Apenas nos quatro amistosos antes das Olimpíadas – contra Dinamarca, EUA, México e Argentina-, Mano descobriu um time base que poderia funcionar em Londres ou até mesmo na Copa do Mundo: Marcelo, Alex Sandro, Thiago Silva, David Luiz, Daniel Alves, Danilo, Sandro, Oscar, Ganso, Neymar, Hulk, Pato, Lucas e Damião, são jogadores que certamente podem ser utilizados mais adiante. Nas Olimpíadas, usando aquela que poderia ser a base da seleção principal, o Brasil conseguiu chegar à final. Ao ter acertado um time, Mano deu um passo importante e definitivo em seu trabalho. Ter chegado ao objetivo da Final Olímpica também foi muito importante em sua trajetória. Mas nem isso, ou até mesmo a possível conquista do inédito ouro olímpico, afasta o seu risco no cargo.
O treinador, que teve recentes passagens vitoriosas em clubes como Grêmio e Corinthians, não conseguiu dar um padrão de Jogo à seleção. Demorou demais até definir seus jogadores. Não teve atuações seguras e convincentes nem contra Egito, Honduras e Coréia do Sul, que dirá contra uma grande seleção como Alemanha, França e Argentina. Com ele no comando podemos imaginar um time para 2014 com Diego Alves (Júlio César ou um garoto que se firme como Gabriel, Neto ou Renan Ribeiro); Daniel Alves (Danilo); Thiago Silva (Bruno Uvini, Juan ou até mesmo Réver); David Luiz (Dedé); Marcelo (Alex Sandro); Lucas Leiva (Sandro ou Ralf); Ramires (Hernanes ou Paulinho); Oscar (Ganso); Neymar (Jonas); Leandro Damião (Alexandre Pato); Hulk (Lucas Moura).
Não sei até que ponto o projeto de seleção de Mano é confiável na visão dos brasileiros e até mesmo da CBF. Sou até capaz de apostar que ele não dura muito no cargo. O técnico da nossa seleção deixa transparecer nas suas decisões um misto de despreparo e falta de convicção. Quando ele parece estar convencido de uma solução, descarta-a. Nesse quesito cabem os episódios de falta de sequência a jogadores que tiveram boas apresentações no time. Pode ser citado até mesmo o caso de Hulk, que foi convocado para as Olimpíadas como um dos jogadores acima de 23 anos, aquele que seria o cara para chamar a responsabilidade no ataque brasileiro e impor respeito e experiência frente aos demais times olímpicos. Sendo colocado no banco na partida decisiva de semi-final do torneio para a entrada de Alex Sandro no meio campo, Hulk deixa de ser uma das principais armas do time.
Mano parece passar aos seus jogadores toda a sua insegurança, confusão de ideias e falta de experiência. O time dá impressão de que não assimila o que o técnico pretende passar, acho que nem ele tem certeza do que daria consistência ao time. Mesmo com o ouro olímpico, acredito que a seleção tenha mais mudanças pela frente. A quase dois anos da Copa, há a convicção de muitas pessoas ligadas ao futebol de que ainda dá para recuperar o tempo perdido e fazer uma boa apresentação, mas a troca de treinador não pode demorar a ser feita. O Ciclo Mano Menezes não deve resistir e parece estar próximo do fim.
Ainda arrisco que Muricy Ramalho seria o próximo nome. Saberemos.

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